quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ECG

Posted on 17:36 by CARDIOLIGA - UNIRIO



Identificação

Um homem de ascendência japonesa de 30 anos.

Queixa Principal

Deu entrada no departamento de emergência (DE) após episódio de síncope em casa.


Anamnese

Sua esposa, que o acompanhou no DE, testemunhou o episódio. Ela declarou que estavam conversando na cozinha quando seu marido começou a se queixar de tonturas, seguidas de náuseas e enfim desabou sobre a mesa; antes que pudesse alcançá-lo, ele caiu da cadeira e bateu a cabeça no chão. Após algum tempo caído no chão, recobrou a consciência.

A esposa não notou qualquer atividade semelhante à convulsão (incluindo espasmos, morder a língua ou incontinência) enquanto o seu marido estava inconsciente. Quando recobrou a consciência, estava completamente desperto, alerta e orientado; não houve período de confusão ou alteração de fala.

O paciente relatou já ter tido diversos episódios semelhantes nos últimos anos, mas nunca procurou atendimento médico. Quando chegou ao DE, o paciente não tinha outras queixas além de equimose frontal e um pouco de vergonha pela situação. O histórico familiar do paciente é significativo por um tio que faleceu por volta dos 30 anos sem causa aparente.


Exames Físicos

No exame físico, o paciente está desperto e alerta. Seus sinais vitais são estáveis, com frequência cardíaca de 82 bpm e pressão arterial de 135 x 85 mmHg. Sua frequência respiratória é de 12 inspirações/minuto e a saturação de oxigênio em ar ambiente é 100%.



Exames Complementares

Tem uma área de equimose de 3 cm em região frontal esquerda, sem hematoma subjacente ou dor à palpação. Não há laceração sobre a equimose. A ausculta cardíaca revela ritmo regular, sem sopros ou galope.

O exame torácico demonstrou respiração normal, sem dificuldades ou alterações à ausculta pulmonar.

O exame neurológico também é normal, incluindo inspeção de nervos cranianos, função motora e sensitiva aparentemente preservada, sem desvio em pronação e fala normal. Ele é capaz de caminhar sem dificuldade.

Foi colhido sangue para exames laboratoriais e realizado eletrocardiograma

Os resultados dos exames laboratoriais, incluindo hemograma e perfil metabólico básico, estão normais.

Qual a doença do paciente, e como é tratada?

Dica: considere o histórico familiar quando avaliar a anomalia precordial no ECG.



4 Response to "ECG"

1 .
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vhsabino Says....

Olhando somente o ecg:
Ritmo sinusal, frequencia 68bpm, eixo eletrico entre 0 e -30graus, presença de BRD.
Acho que tem um padrao de Strain em V5 e pouco em V6, contudo não vejo, no eletro, aumento de cavidades.
Tb não vejo nada relacionado a algum tipo de arritmia que pudesse gerar um sincope por baixo debito.
Quanto a diagnostico, esta dificil para mim, excluiria cardiopatia valvar pois no exame fisico não há sopro.
Excluo arritmia pois não há evidencia em eletro.

Minha possibilidade por ser familiar e pelo homem ser Japones, é Takaiasu.

É isso

2 .
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Renato Says....

Bom, o eletro mostra algumas alteracoes sujestivas de inibicao da conducao atrioventricular normal. Pensando em uma doenca que representa esse atraso na despolarizacao associando com historia familiar, eu diria que esse doente oriental tem Sindrome de Brugada ( deficiencia de canais de Na na fibra muscular ) que justifica a ausencia de ondas de despolarizacao atrial e predispoe a arritmias. O tratamento deve ser o desfibrilador implantavel.

3 .
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Bruninha Says....

Concordo c o renato, e sindrome de brugada, e e do tipo 1.
No ecg essa sindrome a apresenta-se com um padrao de BRD e um supra-st em derivaçoes precordiais direitas(v1 a v3), devido a mutaçao dos canais de sodio que faz com que o epicardio do VD n se despolarize.
e do tipo 1 pois o supra e >2mm e e acompanhado de onda t negativa, com um supra em formato concavo e descendente.
alem disso a historia clinica favorece o diagnostico.
deve-se colocar um CDI como o renato disse.
alem disso ele tem um PR alargado (BAV 1 grau) como ocorre comumente em associação a sindrome de brugada.

4 .
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Unknown Says....

Pessoal! Vcs acertaram. Para quem não conhece a patologia, segue uma explicação:

"O paciente se apresentou com achados de ECG de com elevação do segmento ST em V1-V3, acompanhado por uma morfologia QRS que se parece com a de um bloqueio de ramo direito (RBBB); esses achados em um ECG são conhecidos como o padrão Brugada. Em combinação com a história prévia do paciente de múltiplos episódios de síncope inexplicada, além de um membro da família próximo com uma morte cardíaca inesperada (sudden cardiac death - SCD), a apresentação sugeria fortemente um diagnóstico da Síndrome de Brugada.
A Síndrome de Brugada foi originalmente descrita em 1992. Consiste do padrão de Brugada (visto no ECG) e uma ou mais das seguintes características clínicas: episódios de síncope, fibrilação ventricular documentada, taquicardia ventricular polimórfica autolimitada, histórico familiar de SCD em um parente com menos de 45 anos, e evidência de elevação do segmento ST nos membros da família.
A síndrome é caracteristicamente causada por um defeito genético autossômico dominante, que resulta em disfunção ou perda de função do canal de sódio. A disfunção dos canais de íon cardíacos de sódio são subjacentes às manifestações clínicas da Síndrome de Brugada ao reduzir o sódio disponível durante as fases 0 e 1 do potencial de ação cardíaco.
A condição afeta mais comumente os homens de meia idade (com uma média de apresentação aos 30 anos), e pode ser reconhecida por seus padrões de ECG característicos. Indivíduos com Síndrome de Brugada têm mais chances de desenvolver taquiarritmias ventriculares malignas, que pode levar à síncope, parada cardíaca, ou morte cardíaca inesperada(...)

O paciente nesse caso foi admitido para uma monitorização intra-hospitalar após consulta com um eletrofisiologista. Em razão a apresentação clínica, incluindo o histórico familiar de SCD e as mudanças características do padrão de Brugada notado no ECG, foi tomada a decisão de colocar um AICD sem um EPS formal. "

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